16 junho 2020

pés

acima as estrelas vem mortas de amar
e meus passos no chão da cozinha pra beber água

descarnam do sonho pisam a terra 
enquanto pego no filtro som oásis miragem mágoa

e sinto o real seixo madeira terra em mim
nos gestos e o riso no corpo de 4 da matina

é a nuca da musa sem rosto que apaga assim
e ando até a varanda num gole sou máquina

a rua sonha o cálculo do mundo à esquerda uns trinta graus 
e é como alucinação que os homens tem sem asas

quando olho os ombros dos prédios na direção do ventre
por onde à noite volto a exausta voz canto de trabalho

e passo dentro do carro a björk sem beijo techno love
e o thom o ritmo o novo é york o velho mundo da peste

tempo tempo tempo tempo sou plágio maduro above
tão sagrada a chuva é uma carta nua de amor que leste

quando olho até que ela se desvanece e dorme
e se vai curada de mim para dentro da escuridão 

abaixo dos pés a cerâmica o pó da terra informe
uma lucidez ama a pedra solta no espaço no chão

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