22 maio 2015

Caderno seco

...exausto monstro que sou outro texto e navego cego. Um ponto de som no ouvido e o mundo lodo voaraveio palavra, coisa que ñ existe,; o inteiro de azul opaco do orbe nesses dias de ludo, onde nada há no jogo de Eros e acertos: a palavra palavra existe: E evoca o enigma de sol dos homens, quando o trânsito rasga o coração com o locutor de rádio, impiedoso animal que nunca furará os olhos por mim. Escrevo uma partitura de palavras e a praia é uma boca que me chupa os pelos das pernas enquanto me escuta. Se é para amar eu sigo amando, Milton. As nuvens do fim do céu agora são paragem, densidade. Pedras que se amontoam em páginas e pausas, palavras que a cegueira traz nos sons que a leitura perde, que a escuta sofre quando os dias avaros pouco exortam nas cicatrizes das canções, se elas já são um rap de sentenças para as histórias num alegrefalso surdo a desmontar ainda mais (mais, ainda...) o carinho da tarde contemporânea. É ferir-se para navegar o mar de protocolos e processos sem aparente cais enquanto pequenos senhorinhos, que serão grandes, ajudam a fazer desabar por definitivo a construção que o homem moderno erigiu ao herdar o relógio de pulso do pai.

O JoyceTupinambá não tem Dublin ou Trieste. O Cavaleiro Andante perdeu o Hipódromo da Gávea. Itabira, Carlos, é apenas uma fotografia no Instagram. O filtro Willow come solto pra recalcar o poente colorido. Walter Benjamin é o tipo de homem que chama Baudelaire de ignorante, e tem que se considerar. Que dizer? São dias terríveis, sem qualificação. Minha leitura retorna no real a passos largos, a urgência da ida é ajourd’hui.


Sei que o corpo da tarde aos poucos seca a água da rua, quanto a cidade seja má consigo mesma e a flor de maio exale o perfume que a tarde virá esparramar sobre a praia. O falso esquecimento dos carros sob a chuva expôs um beijo de luz e sombra entranhado em pb, pelo qual memória e imaginação desmontam o quebra-cabeça de uma dor trocando peças de lugar. Não há com quem calar este silêncio. As conchas permanecem cravadas na areia quando a onda estica uma perna roliça, antes que eu possa passar para sempre

,.