09 novembro 2013

quinta-feira


a xícara de café exala memória enlaça pilha de livros, onde a história concisa de michael archer procura o chão do pós-moderno, página 71 na sala de espera de quinta-feira quando teu campo expandido me volta à torre de discos no astronauta lírico de vitor ramil ou da reforma agrária música brasileira chama o retorno de quem nunca esteve. aqui, é só saudade, faço-lhe por meio desta singela carta saber no contorno do carinho o quanto tenho no espiral dessa mola incauta lançado ao mar o rosto altivo com que lhe iluminei, lua. paul mccartney cantando only our hearts vira um problema hoping to be where you are / of longing to be your lover. a pintura moderna é assaz reveladora de n projetos de assertiva reta quedada no entanto antes do fim do século é essa noite: quando insone o homem contemporâneo sabe: o corte mulher é causa e o cais desse desejo: se pela noite intento e ponho fora a proa do navio vento, e o céu turvo sobre os esportistas aceita minha inocência como à imensa amnética esteira de academia às seis, horário de verão, horas depois lhe vejo nua nascente e te amo em tudo que és. enquanto cintilas teu texto a cidade dos homens exerce na avenida cesar helal o leve embrutecimento neoliberal hugo boss engarrafado até a dante micheline onde passo pelo corredor, agora nessa moto maior, bem devagar até entrar naquela rua onde nos despediremos. em narrativa sensível tua voz me arranha, o gosto contorno da paixão no teu livro sopra minha dor e meus destinos rotos, quando me quebro nouvelle vague em francês de ouvido na praia e meus olhos te procuram à minha revelia num real denso a indecência invicta, bonita. teu corpo claro e o som das tuas vogais. teu dorso e as costas firmes arqueando até que a cintura flutue sobre o lampejo da cidade quinta-feira o romance heineken com stella artois. onde fica? onde brilhas revelada e apagas estrelas triviais, e meu olhar lhe encontrara vestida de um semblante nodal? --- lá, naquele lugar. mar, voz, tudo o que nunca se encontra. aquilo que nunca se alcançara, lá está. sem chegar sem voltar. sob a chuva o automóvel mero controle agasta de sinal em sinal o parachoque em minha perna pela pancada do rap, e o meio sem fim neandertal trânsito tenso de sós e lembrares, da musa amalgama em mesmo líquido uma dose em dois copos. e tuas fases e ciclos das quintas em minha harmonia pós-tonal arranca de mim os melismas que roubo da tua voz, enquanto pego minha vida pelo cabelo com o punho esquerdo fechado e ainda assim algo doce és. o dia não se faz o fim, e haja real até nos matar a vida. o fim ao qual não se deu o desejo, o surto banal onde tudo se confirma, a voz gritada que aplaca cruezas de uma cidade em falta no teu vetor gradiente prateado bombava um brasil, idade civilizada sem vertigem. sem coração sem sabor sem devastação sem corpo sem nuance sem vírgula sem desvio sem palavra. sem amor a noite fere a avenida e traduz na estação o intento minimalista de homens tonais. e uma pop art aceita e usa a falta de dor com a distância implacável da objetividade. sob o tempo firme, somente nossos corações desvelam-se às paixões dos meteorologistas

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