04 abril 2013

Corpo do texto



2.

Saí descalço e caminhei até a canção do Radiohead calar o vento salgado. O silêncio das nuvens de fogo era uma língua nos meus lábios secos.

1.
Aquela noite quase dez horas eu tive vontade de ficar, mas precisava partir. Meia hora depois alheio à paisagem da reunião. Pensamento. Se vc estava mesmo bem. Sou tosco, coração pedra.

3.
Depois voltei pro carro, os pés de Hermes a areia da praia. Parte censurada do sonho da sala que não tem teto. Vc e tua camisa branca.

5.
Porque quando entramos naquele bairro, e vc com aquela saia palmo nos joelhos, veio uma epifania das gotas de chuva, trilha sonora de fonemas. Teu beijo rosa. Outras palavras de sal. E essa dor solta na tarde que a cidade alumia no poente. Veio tão nossa.

4.
Aquele temporal de água na capota do carro no silêncio violento. O gosto. Tua pele clara que também estava molhada da chuva de quando corremos até ali. Tua cintura nua de letras, teu som, tua voz:

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