No
3º sinal eu cheguei perto de você. Tuas mãos descansavam leves no voltante. Tua
boca tinha o gosto azul ou a tarde imperativa passada da praia que anoitecera
mar intenso a te acarinhar a dor; e para as festas imersas no vício dos homens
pelo black tie o calafrio de uma felicidade, roubo de um sorriso, de silêncio
em silêncio em som sem lei, quando a lei não era a cura e nos achávamos, no
corte na releidura inflexível no tempo do sinal vermelho tua pele banho de lua
era doce; com palavras desconhecidas e esperanças plagais. Era isso. E quando
ia terminar o beijo, devagar e denso, no teu carinho eu senti tuas mãos no meu
cabelo e na minha nuca. No meu ombro esquerdo. No meu brinco de prata.
Eu
falava, high level. Você dirigia mais devagarinho, meio sorriso como se me
mangasse ou longe de acreditar me prateava de si, e num momento, com muito
tato, chegou a perguntar o que era que eu dizia aquele dia; e eu te disse,
quero lhe dar um presente. Está aqui; e fui abrindo a bolsa preta da CAT que
usei para atravessar o parreiral prensado pelas escavadeiras tropicais. Daí deu
o terceiro sinal, ali perto da rua matriz de Bento Ferreira e tocava Tom Jobim,
som do carro que me tirou o prumo.
Meu
coração sente a prata da lua, e assim no presente me lembro de antiga
reportagem do antigo Corvette na antiga revista de carros modernos dizendo que
a vida começaria aos 140km/h. Clint Eastwood republicano elabora que “se existe
uma arma no recinto eu quero que esteja nas minhas mãos”. A cada sinal vejo
você debrear o vestido caqui palmo acima dos joelhos. Evento. E de súbito
emendo discurso desde os casarões do Barro Vermelho, falo com uma dor e uma
solidão passarinhadeira avarandada, contra o vento que fui e sou o incêndio
dentro do peito é um segredo sem mundo.
A
cidade impressionista nas janelas, quando o carro vencia o asfalto. Enquanto
dirigia, você exortava também ao trânsito de presépio que Elmo Elton não
adivinhou; e com uma doçura no corpo volteava em gestos a escolha de vestígios,
restos de ruas que se juntando na composição de um texto lido me enfrentavam na
dança sagaz de um primeiro parágrafo com uma bala de prata como ponto final.