15 junho 2010

Currículo transcendental,


'Chove dentro da alta fantasia'
Dante

Nada entendo de filmagens, só do filme da cabeça. Em compensação dirijo bem, sou do tempo dos motores ainda silvestres. Possuo conhecimentos esparsos, que nada servirão ao foco do único ponto. Para tomadas ao ar livre, conheço as lendárias previsões do tempo, o que me faz gostar dos carros (uma das minhas fixações extracurriculares). Participei da gravação de um dvd, e mesmo num making off de cd certa vez me vi, contudo se me lembro o além de lá era um traveling: trole usado por delirantes e iluminados cineastas. Observei na duração de um tempo.. depois montei em cima, fiz deslizar novo enquadramento. Trabalhei de motorista, desafiei cidades com poemas, estripei o calendário de playmates, dei meu corpo à selva dos motores carburados, fiz o trítono da canção sem tragédia, bebi a água de chuva sem virgula com fonemas plosivos, fui fichado em loja de grife, dei tapa na tela com a mão aberta cheia de aquarela porque era carinho. Tateio i-Movie, fotografo com celular, escuto dialetos do vento, uso Pro-Tools, GarageBand, viola caipira e uma sanfona de brinquedo aniquilava o barro vermelho pretérito. Levo sempre comigo um caderno mágico, colorido com tintaseca e desbotado do sal atlântico.

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