08 junho 2010

corpo lírico

o poema
quando o vento sul não cala
é dentro e te pega alça
e corpo lírico é violão
da noite invicta e cinema
é vestido de mulher descalça
e fora o gosto na boca é bala
em dedo e corte alegria do cão
no céu de vôo é rosa e exala
e dói e sorri quando é problema
faz água e declina sendo não
depois volta e vem valsa
e solto é voz quarto de rua
enluara leve quando a boca estala
se o gosto gruda é papel de pão
experimenta a frase que é alegoria
e força a palavra nua
frágil, doido, blusa, calça
é paixão de bicho sem dilema
se usa uma língua que não fala
é noite clara igual poesia
ou grato e nuvem que flutua
é poema

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