05 maio 2007

Excerto

Hoje quando você saiu de casa pra encarar o trânsito crônico de Copacabana, você lembrou. Eu sei, não minta. Não, nem tente... se continuar com isso eu vou continuar com essas frases curtas. Péssimas pra se ler. Oh. O que? Eu não brinco, garoto. Eu não tenho tempo a perder, minha vida vai por um fio e a eletricidade costuma matar, você vê. Veja. Vou lhe explicar o que aconteceu quando, ali perto da República do Peru, você olhou para o lado; aliás, teu carro ta com um arranhado na porta, Era eu. No carro ao lado, eu mesmo. Ao olhar a minha cara você lembrou daquele círculo concêntrico que a tudo traga e modifica, sendo ele mesmo tão outro e só, o mesmo esse. De soslaio, matada no peito, depois a tabela de viés pela grande área e de repente o sortilégio gasto, isso aconteceu... Uma memória especular. Isso aconteceu porque eu sou teu personagem; nesta manhã saí sem texto ou rua, sem o teu. Aquele que teu calcanhar Aquiles, esse este, um outro je est. Azar trágico o que nos fez estacionar lado a lado no engarrafado que vira amenidade e buzina uma Copacabana derramada, sonora sobre sós e nós, espécimes de João Antônio pela manhã. Veja.

,.