31 janeiro 2013

o olhar


a rua aquieta assim, noturna, o resto de ginga é década décadence avec elegante. coisa da minha geração. saio no sinal, presente do indicativo making mirrors de gotye, se acelero no entanto o trenzinho caipira me vem uma devastação cantiga de rodamoinho. entro pela contramão até acertar a garagem da cel monjardim, olho acima do vale do carmo e a lua cheia que pende o cimo do meu olhar incauto é qual luminária balançando no vento. dança. a cara de mármore do prédio dos meus pais me espera com a nostalgia das salas enormes que perderam querelas festas de madrugar madeira de lei na tábua corrida, o jacarandava pra sonhar um futuro naquela biblioteca, e hoje que estou triste não sei que lhe escrevo pássaroavuô daqui do mac sobre a peroba mica até teu chá rosa, perto da mesa bonita de demolição. e quando também lhe fizer serenata da praça a música pópular brasileira não me acorda do brasil, tanto menos do texto destrinchando o olhar na companhia das letras difíceis. auto inexistente verde musgo, carro do qual lhe vi a regressar da planície onde galopavas com outras musas também raptadas por  corcéis encantados, vc e outras amazonas que não desejam domar a força de uma doce síndrome de estocolmo. atravessavas a rua contra o tempo. chuva. tua voz, que não vou comentar, eu também decorei, mesmo com o grito em muting meu stand by retórico não deu conta e voltei atrapalhando o trânsito. ali pela outra rua onde alguém pichou que nieztsche está morto. se não me engano morto sem o s. como não lhe encontrasse, velei pelo meu caminho um desvio arrancando de chronos nova tentativa de chegar ao castelo longíncuo em que talvez habitasses aquela mesma tarde, radiante de nós por algumas horas. nosso desencontro é pura ilusão. pela coleção de sonhos em que insurges tuas frases certeiras as vezes me lançam inesperado jongo de raíz quando acarinham no apogeu uma citação dos ramones. conversa rápida. chovia e vc parou de falar, só me olhou bem fundo. vc perguntou assim na lata o que era, porque eu estava assim baudelaire desbotado da ellus. se era o tempo. se eu queria trocar a música que não ouvíamos enquanto chovia sobre bento ferreira. água desesperada mas dentro do carro chet baker cantava com um silêncio de beijo, um som que depois de um tempo eu te disse, aquele gosto azul é rosa também. chuchuchuchu lá fora. vc revidou, vc e seus vestidos, dizendo que meus lábios são secos, mas eu gosto de sorrir. que eu sou egocêntrico. que eu não tenho como prender toda essa tristeza, e aquelas noites de festa e os móveis, o piano que aos cães desafina. que o olhar agudo dessa noite é bem maior que nós. que vc gostou quando me viu chegar.

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