era
hora do mar oceano adjetivo emudecido pelo ar condicionado e adriana calcanhoto
me dizendo que nada ficou no lugar. herpes zoster com metade de um débil
cinturão de pugilista que aparecera na pele irritada vestindo meu abdômem até o
meio das costas, onde uma erupção final distribuíra em 30 dias consecutivos a
inflamação estressada do nervo que o corpo esconde muito abaixo da pele, onde
não se desconfia uma profundidade, e que dela um dia se esparrame pelo corpo
num translado dissoluto tal revolução sem palavra até que a mesma se transmute
na superfície sob a força da palavra dor. aquele sinal demorou século. por
algum motivo minha fotofobia não precisou sobreviver ao vidro aberto e mirar a
moça que viria entregar o flyer da construtora com o total life para a suposta
classe média. homem neandertal indo ao supermercado carone, o tolo entendimento
de que gilette é muito melhor que bozano pra uma barba bem feita de tanto nada
valerá quanto acoplar o iphone no painel para uma escuta depurada do meu
everywhen particular através do massive attack. a falta que a poesia faz carece
vir do firmamento, parece aquele beijo, era um sábado menos nublado que os dias
anteriores, dentre os quais eu havia roubado uma tarde para andar na praia
descalço desafiando o comentário silencioso das ondas com o jeans cinza
desbotado de ocidente individual. il était nécessaire de dégager la philosophie
qui à la fois légitime la fondation... porque as palavras escritas estruturavam
tal encontro à beira mar em meu próprio caderno capa preta com elástico me
carregavam procurando fundamento para um desejo sendo levado à abstração. la
condition postmoderne era a rede finita e viral descritiva matemática em meu
alfadesalfabeto desde a leitura cega, les éditions de minut do livro lido em
português há coisa de onze anos, presente de um amigo psicalanista postado
pelos correios que avizinham a livraria argumento no leblon, na dias ferreira.
e agora, que os últimos questionamentos sobre o processo de uma escrita
essencial me impunham a rota do pensamento às sentenças conhecidas, descobrira
uma dicção especial para a impossível correspondência desejada também em um
mundo construído a partir da palavra, onde sua leitura atenta o faz existir
para mim. o francês, sendo ar, talvez venha mais a saber lidar em meu embate
com a praia brava que deixa uma bruma de gosto capaz de esconder a usina
multinacional no horizonte de ferro. tateio uma leitura autodidata. se os
surfistas a decifravam estando desde a ilha de pedra e na descendência do vento
insinuavam a lira mentirosa de hermes ou a paixão submersa de netuno tanto se
faziam sendo fotografados por uma pequena multidão que se aquinhoava sem mitos
no calçadão, também pouco acostumada ao arrojo e à poesia. no trânsito da orla
o destino era cada sinal, e a vida nos escapava, coçava no abdômem sob a camisa
hering branca qual armadura não seria o vingador da modernidade?, reivindicando
o flaneur odierno à baudelaire. a lembrança dos dias anteriores com os pés na
água do mar me vinham enquanto eu ia embora, e naqueles passos contra o horário
do mundo dos homens rudes, meu desejo, meu small time shot away encontrava o
nublado da praia, meu corpo ainda gasto pela convalescência ia comigo enquanto
eu caminhava e lhe avistava também vindo ao encontro do tereiro pier, de forma
que assim nos encontrávamos sem a decifração desnecessária. sem o egocentrismo
do mundo do narrador que não nos veja agora em nós tão liberto. com a verdade
corpórea e fundante essa tarde magma é vã e magna carta, vulcânica alforria de
um mundo de labirintos e alegorias. tuas palavras por um instante entrelaçadas
ao vento embaralhavam como se fosse teu cabelo serpenteando o fogo do poente do
trânsito de agora, até que voavam dançando para a imensidade no céu nublado. no
trânsito engarrafado eu traspassei a cabeça com a lista de produtos que me trazem
a felicidade, aceitei o destino dos homens de bem, subitamente lembrei a
esquecida data para devolução dos livros à biblioteca setorial.
28 maio 2012
,..
,.
- jan. 2021 (1)
- set. 2020 (1)
- jul. 2020 (1)
- jun. 2020 (1)
- abr. 2019 (1)
- jan. 2019 (1)
- dez. 2018 (2)
- jun. 2017 (1)
- abr. 2017 (1)
- fev. 2017 (1)
- nov. 2016 (1)
- jul. 2016 (1)
- jun. 2016 (1)
- mai. 2016 (1)
- abr. 2016 (1)
- jan. 2016 (1)
- jun. 2015 (1)
- mai. 2015 (1)
- abr. 2015 (1)
- jan. 2015 (1)
- dez. 2014 (1)
- ago. 2014 (1)
- jul. 2014 (1)
- mai. 2014 (1)
- mar. 2014 (1)
- fev. 2014 (1)
- dez. 2013 (1)
- nov. 2013 (1)
- ago. 2013 (2)
- jul. 2013 (1)
- jun. 2013 (2)
- mai. 2013 (2)
- abr. 2013 (2)
- mar. 2013 (1)
- fev. 2013 (2)
- jan. 2013 (2)
- dez. 2012 (1)
- nov. 2012 (2)
- out. 2012 (1)
- set. 2012 (3)
- ago. 2012 (1)
- jul. 2012 (3)
- jun. 2012 (3)
- mai. 2012 (2)
- abr. 2012 (3)
- mar. 2012 (2)
- fev. 2012 (1)
- jan. 2012 (4)
- dez. 2011 (7)
- nov. 2011 (4)
- out. 2011 (6)
- set. 2011 (3)
- ago. 2011 (5)
- jul. 2011 (7)
- jun. 2011 (7)
- mai. 2011 (6)
- abr. 2011 (1)
- mar. 2011 (4)
- fev. 2011 (5)
- jan. 2011 (1)
- dez. 2010 (5)
- nov. 2010 (7)
- out. 2010 (5)
- set. 2010 (5)
- ago. 2010 (6)
- jul. 2010 (4)
- jun. 2010 (5)
- mai. 2010 (2)
- abr. 2010 (3)
- fev. 2010 (3)
- jan. 2010 (3)
- dez. 2009 (3)
- nov. 2009 (1)
- out. 2009 (3)
- set. 2009 (2)
- mar. 2009 (1)
- out. 2008 (1)
- set. 2008 (1)
- ago. 2008 (1)
- jun. 2008 (3)
- mai. 2008 (1)
- abr. 2008 (5)
- mar. 2008 (2)
- fev. 2008 (2)
- jan. 2008 (1)
- dez. 2007 (2)
- nov. 2007 (4)
- out. 2007 (5)
- set. 2007 (1)
- mai. 2007 (3)
- mar. 2007 (1)
- fev. 2007 (1)
- dez. 2006 (2)
- jul. 2006 (1)
- jun. 2006 (2)
- abr. 2006 (1)
- mar. 2006 (1)
- fev. 2006 (1)
- jan. 2006 (6)
- dez. 2005 (7)
- nov. 2005 (7)
- out. 2005 (3)
- set. 2005 (4)
- ago. 2005 (1)
- jul. 2005 (3)
- jun. 2005 (2)
- mai. 2005 (4)
- abr. 2005 (8)
- mar. 2005 (5)
- fev. 2005 (2)
- jan. 2005 (3)
- dez. 2004 (5)
- nov. 2004 (5)
- out. 2004 (3)