17 agosto 2010

Praça Paris

Na Praça Paris, o personagem abre os braços sob o Sol. Não sabe como chegou lá, motociclista retirando o capacete e a cabeleira de bufão em fuga da escola desenha o vento no ar. Assis, caminhando na outra margem, não o vê nem sabe o que entre eles deflui como rio ou história contada,.. e atravessa em direção à Rua do Bosque, onde as fantasias existem.

Antes de chegar lá, Assis caminha até o Sandero Stepway que um dia pensou em adquirir, quando o inventa estacionado, sendo o imediato carro de mulher bonita com perfume. Segue nele pelas transversais declinando uma rua da independência, imaginando que o Bosque a aguarda qual floresta de chácara em outro capítulo onde estava à passeio na casa de Marina, sua amiga dona de uma perfumaria charmosa que desafia com delicadeza Seu Francisco de Assis, famoso e austero farmacêutico, hoje bem mais maleável.

Já neste parágrafo, ela recebe a ligação de Clementino Castanhari, desconhecido pelo Narrador, que o faz nome de rua. Assis apenas passa por cima de Clementino e o esquece.

Os olhos do Narrador se enchem de esperança quando da esquina seguinte seu carro é ladeado pelo bólido preto do motociclista no êxodo de sua pretérita contemplação. Haverá um sinal bem à frente, e estacionarão lado a lado. Alguns segundos. Assim logo Assis seguirá feliz em frente ao fim onde margeara um dia já a Rua do Bosque, a qual o motociclista não sabe que existe. E ele, como por encantamento, acordará cheio de palavras. Lembrará da silhueta que caminhava pelo outro lado da Praça Paris, que provavelmente já terá sido construída.

,.