11 agosto 2010

Cafeína

Enquanto Eloy falava palavras e gestos, Joana corria os olhos por sua jaqueta, ou tentava se concentrar. A única coisa que notava era sua mão direita empunhada, com uma grande palma, como se fosse pandeirista com raiva. Os olhos de Joana, a voz, a boca, balbuciam uma timidez. O avesso delicioso das coisas é a verdade.

No café ameno a quarta-feira à tarde flanava lânguida, folheada no livro magro em que o Narrador os escreve. Eloy, Joana, nem de si sabem se lêem ou escrevem insuspeitas cartas, quais sejam essas tardes, algo que tentam descafeinar no sonho. Sabem que existe um Narrador, que também sabe que eles já o prevêem. Eu vírgula os observo atento ao fato de que o Narrador que os decifra me reconheceu.

,.