Que tipo de homem sou eu. Ilhar ponto finito. Amanhã que é sábado e oficina mecânica. Da janela do meu carro o Duran Duran acorda a orla amanhecida, contra o vento meu cabelo ainda é preto e joga nas costas um resto. Que tipo de carne se leva do supermercado, guerra de entrecarros. A carne das fotografias que brotam, lambem, dilatam. Deletam. A carne dos livros quando abre um signo; sem febre, espanto. Apenas meu nome. Que tipo de homem sou eu. Que a Travessa espreme entre livrarias e bancos e à noite de sexta faz rasgar pelo aterro de motocicleta até o outro. Espera, mas não há legado para levar sob a chuva que é lava desenhando o corpo, velho; que nasce agora de ponta cabeça com raiva do mundo obstetra. Que canta uma coleção de imagens. O guarda-chuva preto aberto protege de uma fantasia o ilusionista impresso. Seca, essa dor sem coração atravessa também com a malícia de bufões mercenários, que tipo de homem sou eu. Que mostra o pau dentro da sunga depois de pegar jacaré, cita Rimbaud em francês para as ondas. Que tipo de nome sou eu. Enquanto mastiga o mundo é Quem, faz o filho arrotar de madrugada olhando a tela de Adelson do Prado; a tela de Solana Güangiroli; a tela de cristal líquido quando engolir meu texto de revista. Que fura paredes. O poema desfeito era a receita de um remédio com refinamento e mãos grossas de exilo a desmontar o mesmo carburador. Homem de Neandertal. O mesmo; veio entupindo com o passar dos anos, e num repente, está lá!, o giglê de lenta escondido. À porta de várias cidades carimbando o aceite no formulário da voz com perfume que finge pureza. Que tipo de perfume é esse. Nas horas em que toda cidade é falta. O beijo das horas. O gosto da noite não reparte nem divide meu problema. E fazer amor de madrugada sempre era o quê a mais que ver passar uma banda de rock. Que tipo de a toa na vida sou eu. As vezes o domador de leões respira na bruma da tarde a beleza que resiste impregnada ao percurso no destino, disso ouve o sussurro de dor das novas constelações. Percebes, do que estás morto. Nem estilo, nem lembrança, nem inimigos te salvam. O peso do mundo que as palavras suportam é ombro no livro de Carlos.
28 janeiro 2005
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