03 dezembro 2004

Sexta-feira Sem Lei

Omsiba, pulo por cima de você e nem te ligo...
É?
Faço isso enquanto passo batom...
Umrum...
Omsiba, não to nem aí pra tua família nariguda...
(silêncio)
... você fica aí me ouvindo, igual ao Joaquim Ricardo.
Que tem o Joaquim Ricardo?
Você já sacou que eu vim fazer análise por causa do Joaquim Ricardo...
(silêncio breve...) E você veio?
Omsiba, eu estou cansada de ficar aqui, deitada.
Cada um tem o seu lugar.
Você é igual ao Joaquim Ricardo, Omsiba.
E você conseguiu pular por cima do lugar dele?

Paulina, você é uma gostosa.
Eu sei, meu amigo... mas nós já estamos sublimando isso.
Você acha que vai ser possível?
Acho que sim, nos próximos dias a gente ainda vai ficar assim, mas depois vai passar.
Pra sempre?
Não, vai ficar uma pontinha de torpor lá longe, mas nós não lembraremos.
Eu sei.
Por que você não escreve a história de outro jeito?

Hoje é sexta-feira, Joaquim...; você sempre fica angustiado.
E daí?
Por que você não me liga?
(Abismo)
Meu telefone é o mesmo.
Não lembro...
Pensei que você tivesse memória fotográfica.
Lembro muitos telefones, mas não sei qual é o seu.

Eu gostava quando você vendava meus olhos.,; me abraçava por trás, as mãos nos meus seios.
Eu sei... (Je est one autre poème)
Não agüento mais ficar aqui de pernas cruzadas, balançando.
Vou chamar o garçom.
Você já quer ir?
Quero.
Mas...
Você vem comigo.
Ah.., é?
..;
;.. eu tenho que ligar.
Estou esperando o seu telefonema.

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