Do Parreiral sigo a entranhada soma de entulhos
acima da terra na epiderme que os espalha em peças automotivas deixadas pelos
tratores Caterpillar depois da terraplanagem anterior. Enquanto a chuva cretina
cai, sei que Mariovaldo Emerson fez valer o propósito dos Antônios Associados
até emperrar o negócio e negar a assinatura do contrato no cartório Cordeiro
& Lobo. Lentamente volto dos galpões geminados num slowmotion Air Moon
Safari All I Need, however o Vento Sul que me transladava à propaganda da
Richard’s na praia foi engolido pela nuvem chumbo e calai classe média. Caloi,
não esquecerás que és agora o homem que tem apenas o corpo como motor e a minha
ferrugem quando mesmo diante de ti fizer questão da velocidade desvelará a agonia
perene dessas tardes sem um caminho para Roma. Meus passos Mizuno em metódica
metonímia esmagam sob a sola a antinga corrente de alternador que serpenteia e
nem sente que me envenenou, Caetano. Quando chego ao carro e o computador de
bordo me avisa que a aterrisagem se dará à 10 km.: A funesta descida do cimo de
Carapina entre o Apart Hospital e o Supermercado São José não poderá ser à
cento e quarenta e poucos. E lá embaixo quase já no aeroporto começa minha
herança paterna, aliás. Para subverter algum engarrafamento que emperre o
trânsito, o ir & devir dos suburbanos corações, enterro o carro dentro de
Jardim Limoeiro por trás da avenida principal, e desliso pelas suas costas uma
língua desconhecida. A noite caída em si que de bruços estende seu fluxo e
lentamente adensa enquanto lhe procuro subitamente se volta para mim com os
seios nus e me afaga os cabelos para trás das entradas da testa lendo meus
olhos. Nesse ato fulguras uma Lua mágica
se depois entrelaças nas mãos as minhas e com olhos amendoados escutas minhas
palavras de torpor e ganância pela tua boca, enquanto lá fora o rosa da tarde
molha no firmamento rasgado pela lâmina do mar. Esse mar lava em meu coração
meu próprio navio de pedra, naufragado e altivo em minha voz em teu ouvido
verbo de amor. Lanço adiante o mundo inventado dos livros, avanço com asas
negras até margear as bordas da baixada que desce o planalto serrano indo ao happy
hour marcado com Johnny, Marlon, Kaspar Hauser, Herbert Farias, Marconi Fonseca
e O Lobisomem no boteco da cidade alta; conversa lenta Heineken após o tobogan
de cimento me empurrar àquele casario neoclássico: Ser homem é inventar um
mundo mesmo impossível, e o musical para mim é o cinema secreto e público se no
fim tudo é música quando rapto vc com um beijo síndrome de estocolmo sob a
trilha sonora do Massive Atack. Gosto. Somos qual interferência da fantasia no
Real. E também reais quando ironicamente passa por nós o Land Rover Defender
verde musgo em sentido oposto ao da praia à qual sempre chegamos fugidios de
passeatas e romarias. Volto à minha solidão no engarrafamento e escutando
música inspiro o ar condicionado, o cd está dentro do coração do painel e não percebo: Por causa de um
agradecimento ao Rodrigo no encarte, comprei naquele sebo da Lama em que tenho
conta um album do Lobão, canções dentro da noite escura. Agora o Narrador me
sopra igual futuropássarodaqui: Venha, arregimentação do meu maestro
soberano.., quando minha ilusão matemática não for suficiente, e todas as
formas geométricas não me livrarem de um rio de heráclito e nem poderiam ser
mais que o pó; se copacabana, ipanema, leblon, lagoa, jardim botânico, gávea e
seu hipódromo de hipongas da Puc sararam os proustianos prazeres e os dias de
um Cinema Estação perdido num apartamento em Botafogo. E quando a elegância de
um samba canção for a luva para a minha caipira mão de lavrador
,..
,.
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