29 julho 2013

Roma


Do Parreiral sigo a entranhada soma de entulhos acima da terra na epiderme que os espalha em peças automotivas deixadas pelos tratores Caterpillar depois da terraplanagem anterior. Enquanto a chuva cretina cai, sei que Mariovaldo Emerson fez valer o propósito dos Antônios Associados até emperrar o negócio e negar a assinatura do contrato no cartório Cordeiro & Lobo. Lentamente volto dos galpões geminados num slowmotion Air Moon Safari All I Need, however o Vento Sul que me transladava à propaganda da Richard’s na praia foi engolido pela nuvem chumbo e calai classe média. Caloi, não esquecerás que és agora o homem que tem apenas o corpo como motor e a minha ferrugem quando mesmo diante de ti fizer questão da velocidade desvelará a agonia perene dessas tardes sem um caminho para Roma. Meus passos Mizuno em metódica metonímia esmagam sob a sola a antinga corrente de alternador que serpenteia e nem sente que me envenenou, Caetano. Quando chego ao carro e o computador de bordo me avisa que a aterrisagem se dará à 10 km.: A funesta descida do cimo de Carapina entre o Apart Hospital e o Supermercado São José não poderá ser à cento e quarenta e poucos. E lá embaixo quase já no aeroporto começa minha herança paterna, aliás. Para subverter algum engarrafamento que emperre o trânsito, o ir & devir dos suburbanos corações, enterro o carro dentro de Jardim Limoeiro por trás da avenida principal, e desliso pelas suas costas uma língua desconhecida. A noite caída em si que de bruços estende seu fluxo e lentamente adensa enquanto lhe procuro subitamente se volta para mim com os seios nus e me afaga os cabelos para trás das entradas da testa lendo meus olhos. Nesse ato fulguras uma Lua mágica se depois entrelaças nas mãos as minhas e com olhos amendoados escutas minhas palavras de torpor e ganância pela tua boca, enquanto lá fora o rosa da tarde molha no firmamento rasgado pela lâmina do mar. Esse mar lava em meu coração meu próprio navio de pedra, naufragado e altivo em minha voz em teu ouvido verbo de amor. Lanço adiante o mundo inventado dos livros, avanço com asas negras até margear as bordas da baixada que desce o planalto serrano indo ao happy hour marcado com Johnny, Marlon, Kaspar Hauser, Herbert Farias, Marconi Fonseca e O Lobisomem no boteco da cidade alta; conversa lenta Heineken após o tobogan de cimento me empurrar àquele casario neoclássico: Ser homem é inventar um mundo mesmo impossível, e o musical para mim é o cinema secreto e público se no fim tudo é música quando rapto vc com um beijo síndrome de estocolmo sob a trilha sonora do Massive Atack. Gosto. Somos qual interferência da fantasia no Real. E também reais quando ironicamente passa por nós o Land Rover Defender verde musgo em sentido oposto ao da praia à qual sempre chegamos fugidios de passeatas e romarias. Volto à minha solidão no engarrafamento e escutando música inspiro o ar condicionado, o cd está dentro do  coração do painel e não percebo: Por causa de um agradecimento ao Rodrigo no encarte, comprei naquele sebo da Lama em que tenho conta um album do Lobão, canções dentro da noite escura. Agora o Narrador me sopra igual futuropássarodaqui: Venha, arregimentação do meu maestro soberano.., quando minha ilusão matemática não for suficiente, e todas as formas geométricas não me livrarem de um rio de heráclito e nem poderiam ser mais que o pó; se copacabana, ipanema, leblon, lagoa, jardim botânico, gávea e seu hipódromo de hipongas da Puc sararam os proustianos prazeres e os dias de um Cinema Estação perdido num apartamento em Botafogo. E quando a elegância de um samba canção for a luva para a minha caipira mão de lavrador

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