03 outubro 2007

3-outubro-2007

A revisão do meu livro está pronta. A re-revisão e a pós-revisão também. Ao largo disso, um pequeno cansaço me faz pensar que minha vista começa a falhar. Vejo perfeitamente. “Vejo e revisto”. Contudo, as letras se apagam, de forma interior, imaginária. É uma cegueira profunda e de dentro dos olhos, uma cegueira para um mundo meu. O terror de saber que alguém pode cortar os poemas aleatoriamente está me consumindo um pouco, ligo para lá e todos estão no almoço. Gastei tempo e trabalho para chegar nessa conclusão, os gráficos são um problema mesquinho desde Joyce. Novesforanada, bebo um café na tarde amena, respiro e coço a barba por um instante. Espero em silêncio, um pouco mais gasto, leitor de Rilke amadurecido e o sexo rijo de um príapo de metáforas, quando fecho os olhos minha cegueira continua. Estou só. Sinto-me dentro daquele poema de Drummond, meus ombros suportam o mundo.

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