20 abril 2005

Véspera

Puto Matão usa a capa curtida quando sai à caça e dentro pé alto botina vale e ervas à sombra da morte pisante aço, depois abre à faca. Sem dó no coice, remédio comprimido enquanto parte o verde procurando o maldito com o dedo no cão. Capataz marrom das ordens de Tião Donato, homem de ferro e palavra que evento leva também ouvinte de seus resmungos. Os homens trabalhando são débeis e repetem caminho na trilha aberta pelo encapado. Escurece e o cabo da enxada descansa em véspera de Tiradentes. Quando o galo cantar ninguém vai saber as vezes que Puto Matão negou passando mão no cabelo em tosa; resmungo e maldade. Olhos mortos às moças, Casa da Lanterna Roxa em Jardim Limeiro é peste à paga quando o corpo do pião amanhece furado.

O botequim nojento do Bobô reune os coitados, fazendo jogo e maquinetas. Nesses dias mais fúteis Tião Donato, ex mecânico do laboratório de cores, acende o cigarrinho Free. Puto Matão teve o maço afanado; ri, faz caretas, macaqueia. Agora que Donato é chefe, acode bebendo e Puto Matão gosta, participa. Os coitados bebem; dentes. Cada macaco no seu galho. O Bobô serve mais uma quando Puto Matão levanta chamando Tião Donato pra Casa da Lanterna Roxa.

A menina vai sentar no colo de jeans enquanto outra estribucha um remix no palco. Tira Calcinha Neném vai observar altiva; coordenadora de todas elas, garbosa senhora ainda esbelta nas escostas decote pelos 50 anos. Cair de pregas da noite não descura o português clássico e marvada a carne emana; chupeta e peitinho paga mais caro. O remix pisca mais luzes colorentas da Casa da Lanterna Roxa. Os coitados agora dançam entregues à sua felicidade idiota.

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